quinta-feira, 3 de março de 2011
A culto à excentricidade
Há alguns dias atrás comentávamos um fenômeno que vem se conformando cada vez mais evidente na sociedade atual. Um culto desmedido ao excêntrico, anormal, esquisito, extravagante, irregular. Assim de forma isolada não parece um problema, contudo a idolatria é acompanhada pela desvalorização ou pela indiferença ao tradicional bem feito, e o que é pior, acompanhada pela incapacidade de estabelecer qualquer parâmetro que permita qualificar tais “novidades”. “É cool ser excêntrico.” Artistas têm ganhado cada vez mais espaço pelo caminho da excentricidade, mesmo que não possuam o escopo básico para proferir a arte da qual se dizem parte. Talvez eu seja arcaica, mas as pessoas precisam ter o mínimo de responsabilidade com suas produções sociais. Todos os dias vemos pessoas ocupando cargos, posições ou se destacando por mera condição de diferente, de extravagante. Gente que não tem o mínimo de conhecimento e competência no campo em questão, mas são exaltados em detrimento de pessoas comuns, e sem sombra de dúvidas, mais competentes e capazes de oferecer, sem surpresas indesejadas, o arroz e feijão bem feito. Neste sentido, admiro a trajetória científica que nos pede o caminhar pela linha histórica dos fatos, da construção do conhecimento, do relativismo das coisas. Infelizmente, não é assim que caminha a humanidade. As pessoas se consideram expertos sobre uma infinidade de assuntos, quando na realidade apresentam tessituras sustentadas por uma argumentação frágil e inconsistente. Certamente, o acesso à informação, que é fantástico, tem democratizado discussões nos mais diversos nichos, contudo ainda me inconformo com a falta de bom senso e de auto-crítica que impera em nossos dias. Assim seguimos cultuando qualquer coisa que seja novo, diferente, descolado, mesmo que seja ruim! Um dia ainda tropeçamos no ridículo.
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