quinta-feira, 3 de março de 2011

A culto à excentricidade

Há alguns dias atrás comentávamos um fenômeno que vem se conformando cada vez mais evidente na sociedade atual. Um culto desmedido ao excêntrico, anormal, esquisito, extravagante, irregular. Assim de forma isolada não parece um problema, contudo a idolatria é acompanhada pela desvalorização ou pela indiferença ao tradicional bem feito, e o que é pior, acompanhada pela incapacidade de estabelecer qualquer parâmetro que permita qualificar tais “novidades”. “É cool ser excêntrico.” Artistas têm ganhado cada vez mais espaço pelo caminho da excentricidade, mesmo que não possuam o escopo básico para proferir a arte da qual se dizem parte. Talvez eu seja arcaica, mas as pessoas precisam ter o mínimo de responsabilidade com suas produções sociais. Todos os dias vemos pessoas ocupando cargos, posições ou se destacando por mera condição de diferente, de extravagante. Gente que não tem o mínimo de conhecimento e competência no campo em questão, mas são exaltados em detrimento de pessoas comuns, e sem sombra de dúvidas, mais competentes e capazes de oferecer, sem surpresas indesejadas, o arroz e feijão bem feito. Neste sentido, admiro a trajetória científica que nos pede o caminhar pela linha histórica dos fatos, da construção do conhecimento, do relativismo das coisas. Infelizmente, não é assim que caminha a humanidade. As pessoas se consideram expertos sobre uma infinidade de assuntos, quando na realidade apresentam tessituras sustentadas por uma argumentação frágil e inconsistente. Certamente, o acesso à informação, que é fantástico, tem democratizado discussões nos mais diversos nichos, contudo ainda me inconformo com a falta de bom senso e de auto-crítica que impera em nossos dias. Assim seguimos cultuando qualquer coisa que seja novo, diferente, descolado, mesmo que seja ruim! Um dia ainda tropeçamos no ridículo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

sábado, 5 de junho de 2010

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Teatro e Saúde Mental


Jornal USP Ribeirão – Nº961 – 3 de novembro de 2009

Teatro e Saúde Mental - Profa Dra Edilaine Cristina da Silva

O uso de teatro no processo educativo não é novo, desde a era clássica, o teatro já era considerado veículo para educação de pessoas. Não há como negar a didática do teatro de Brecht, difundindo idéias socialistas e a lógica dialética, ao mesmo tempo em que plantava o questionamento ao sistema capitalista.
Como muitos autores, acreditamos que o teatro seja capaz de questionar situações, buscar e encontrar respostas, descobrir novos caminhos e, principalmente, apostamos no poder do teatro em recriar as relações. Nesse sentido, o teatro é vivência, desperta sentidos e emoções, estimula o pensar e mobiliza conhecimentos.
Já a saúde mental, é uma área de saberes e práticas de fundamental importância para o ser humano. Um bem subjugado a diferenças culturais, subjetividade e modelos teóricos dos mais diversos, onde o isolamento, a segregação, a exclusão e os maus-tratos foram, durante grande período da história da psiquiatria, a forma de resgatar a saúde mental àqueles considerados psiquicamente enfermos.
Hoje, muito se modificou no cuidado a pessoas portadoras de transtornos mentais, porém, a sociedade ainda carrega atrasos enormes nas relações que estabelece com essas pessoas.
É nesse cenário, que buscamos um processo de formação de profissionais para o cuidado em saúde mental. Uma formação que resgate a humanidade das pessoas acometidas por esses transtornos, através de um processo que mobilize o estudante para o árduo mundo de quem experimenta a doença mental.
Dessa forma, o teatro tem sido incorporado como fio condutor do processo pedagógico dos estudantes do curso de licenciatura em Enfermagem da EERP-USP. O projeto, que se tornou possível graças à parceria com a ONG Ribeirão em Cena, visa transportar a vivência dos transtornos mentais para a sala de aula através do trabalho de ator. Além disso, os estudantes participam de vivências baseadas nos jogos teatrais, que trabalham o estado de atenção com o outro, a percepção sensorial e a comunicação espontânea e empática, elementos fundamentais para a prática do cuidado em saúde mental.
Para concretizar o trabalho, os atores participaram de um processo profundo de estudo sobre os transtornos mentais e, juntamente com um diretor de cenas, vivenciaram laboratórios que levaram à criação dos personagens. Acometidos por transtornos psiquiátricos, os personagens apresentaram seus cotidianos distribuídas entre os cômodos da Casa 17, localizada dentro do campus.
A atividade, que introduziu a disciplina, levou os estudantes a caminharem pelos cômodos e a vivenciarem, para muitos deles, o primeiro contato com o transtorno mental. Cada cômodo foi ambientado para representar o ser humano, que convive com a doença mental, e não a doença. Os alunos-espectadores contemplavam o trabalho dos atores por diferentes perspectivas, o que permitiu o compartilhar de aromas, cores, sons e principalmente, emoções e sentimentos. As primeiras manifestações relatadas pelos alunos são de que a experiência é impactante e que ficará marcada em suas vidas.
A experiência se estende no desenvolver da disciplina com cenas interpretadas dentro da sala de aula, apimentando as discussões e aguçando a motivação dos estudantes.
O projeto, que tem o caráter de ensino e pesquisa, vem sendo avaliado desde o início e busca na inclusão do teatro trazer o estudante de enfermagem ao questionamento, à discussão e à criação de novas relações com o doente e a doença mental.
Observações: O projeto Teatro e saúde mental está sendo realizado sem apoio financeiro e conta com o trabalho voluntário dos atores.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A partida


Caminhava por além daqueles que me pareciam próprios. Alçava vôos por entre o cais de um porto sentidamente seguro. Como se não mais pudesse viver de brisas. Sentia o calor aquecer meu íntimo e a esfriar-se estava meu divã. Contemplar os dias como torrões de açúcar a desmanchar-se na imensidão. Quanta saudade sentirei de ti. Lembrar-me-ei dos dias que estivemos juntos e me fará falta a tua presença.
Nane Silva

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Por mim


Tenha bons momentos e felicite-se com cada qual que possa contemplar.
Tenha esperança, porque ela alimenta o seu desejo. Mas construa caminhos paralelos, para o caso de você sonhar em demasia.
Ame simplesmente. Assim sentir-se-á livre.
Lá adiante, talvez dirão que nada você pôde construir. Espero que se sinta confortado, em perceber o quanto trabalhou na melhora de si mesmo ao lado daqueles com quem compartilhou a sua existência.
Sentirei saudades. E por mais estranho que possa parecer, a tua ausência incomodará, mesmo diante de tua presença materialmente escassa.
Gostaria de ter contado mais sobre minhas coisas e a forma como eu compreendo o mundo, quis que soubesse mais como eu realmente sou, compartilhado histórias, aprendido coisas.
Esse tempo já se foi, e o pouco que a mim ficou, é demasiado grande. O suficiente para acreditar.
ATÉ...
nane silva

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dorita


No dia 08 de maio de 2009, perdi alguém muito importante. Dorita era parte da minha vida, do meu dia-a-dia. Não há sequer um canto da casa que não faça lembrar a sua presença. Dentre as inesperáveis coisas da vida, esta foi a que eu menos poderia esperar.
Naquela sexta-feira, passei o dia todo na cama e ela esteve ao meu lado quase todo o tempo. Suas demonstrações de afeto e amizade superavam qualquer semelhante de origem humana. Tinha um olhar curioso, um toque macio e se afagava em meus braços como se fora um ninho.
Uma janela se abriu e fez acreditar que nem sempre elas se abrem para bons caminhos. Ainda me pergunto o que eu poderia ter feito para salvá-la. Ela correu assustada e não pode parar. Seu corpo se dilacerou por dentro, mas sua aparência em nada transformou.
Passamos pouco tempo juntas; o bastante para que eu a amasse e a respeitasse com toda sua nobreza. Quanta alegria me deu, quantos sorrisos espontaneamente traçados por sua autoria.
Dorita, ver teu desfecho na vida terrena foi dolorido e ainda o é. Naquele instante e depois dele, nada me seria caro demais na barganha por tua vida. Teu corpo ainda aquecido e sem vida em meus braços. Teu olhar parado e a imensa dor de tua partida.
Obrigada minha belezinha, por tudo o que fizestes por mim, por tua companhia, pelas lambidas na face. Tu foste um presente de Deus e que nunca se apagará de minha memória. Se existe um céu acolhedor a todos os que recebem o sopro da vida, desejo que estejas lá. Te amo Dorita.

domingo, 19 de abril de 2009

Edith Piaf



"Non, Je Ne Regrette Rien"

Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo me é igual!

Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!

Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus tremores
Varridos para sempre
Recomeço do zero.

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!

domingo, 12 de abril de 2009



"...o teatro, pela publicidade e pelo seu lado espetacular, atrai muita gente que quer apenas tirar proveito da beleza própria ou fazer carreira. Valem-se da ignorância do público, do seu gosto adulterado, do favoritismo, das intrigas, dos falsos êxitos e de muitos outros meios que não têm relação alguma com a arte criadora. Esses exploradores são os inimigos mais mortíferos da arte. Temos que usar contra eles as medidas mais severas e se for impossível reformá-los será necessário afastá-los do palco... Você tem que decidir de uma vez por todas: veio aqui para servir a arte e fazer sacrifícios por ela ou para explorar seus próprios fins pessoais?" Tórtsov - Constantin Stanislavski

segunda-feira, 23 de março de 2009



Destaque no Festival Internacional de Teatro de Curitiba, o espetáculo "Um grito parador no ar", de Gianfrancesco Guarnieri, retorna a Ribeirão Preto com duas apresentações marcadas!
Compareça!

domingo, 15 de março de 2009

Olho para a chuva que não quer cessar. Nela vejo meu amor.
Essa chuva ingrata que não vai parar pra aliviar a minha dor.
Chuva traga o meu benzinho, pois preciso de carinho.
Diga a ele pra não me deixar triste assim.
Oh chuva traga o meu amor...
Chove chuva, traga o meu amor.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Municipal 10 e 11 de março... Não Percam


Antes de ferver no Fringe me Curitiba, Um Grito Parado no Ar se apresenta em Ribeirão Preto, no teatro Municipal, dias 10 e 11 de março.

Um grito Parado no Ar


Choram Marias e Clarices nos solos do Brasil... mas o show de todo artista tem que continuar.

domingo, 14 de setembro de 2008

Verdade

"...existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente uma variação do roubo....
... quando você mata um homem, está roubando uma vida... quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça.
....
Se existe mesmo um Deus, em algum lugar por aí, espero que ele tenha coisas mais importantes pra fazer do que se preocupar com o fato de eu beber uísque ou comer carne de porco..."

Khaled Hosseini - O CAÇADOR DE PIPAS